quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Algazarra no armário da Carlota!

Uma historinha portuguesa, delicada pra ninar tod@s vocês





Era uma vez uma sapateira que se chamava Necas e que guardava todos os sapatos de Carlota nas suas prateleiras branquinhas.
Necas estava sempre muito bem organizada pois Carlota, apesar dos seus ainda 7 anos, já era muito arrumadinha e se havia coisa que não gostava era de ver!os sapatos!espalhados pelo chão da
casa.!
Todos os pares de sapatinhos da menina gostavam muito de viver dentro de Necas. Era ali dentro que se sentiam em casa e que contavam as aventuras e peripécias que passavam nos!pés de
Carlota ao longo do dia, sempre que a menina os usava.!
Por vezes, também contavam as suas tristezas ao movelzinho e aos outros pares de amigos, sobretudo quando ficavam na prateleira durante muito tempo sem serem!escolhidos pela menina.!
Sempre que a Carlota começava o dia e escolhia os sapatos que ia calçar. Abria a porta do armário e tudo estava calmíssimo - como é normal dentro de um móvel, claro está -, mas mal fechava
as portas do armário, lá começava o barulho outra vez!!
Quem podia imaginar que o calçado fosse tão maçador, impaciente e descontente dentro de uma sapateira? Pois é, na! sapateira desta história não havia excepção. Havia é sempre uma
grande confusão, e Necas que o diga!!
Numa manhã de fim-de-semana, igual a muitas outras, Carlota preparava-se para ir andar de bicicleta. Abriu a sapateira e de lá tirou os ténis. Mal a menina fechou o armário, começou a algazarra:!
- Isto não se admite, ela nunca nos leva a passear, para nós podermos chapinhar! - Diziam as galochas descontentes.!
- Mas não está a chover e por isso nem poças deve haver. - Respondiam as sandálias às galochas.!
- Servir só para o ballet também não é justo. - Queixavam-se os sapatos de ponta, que já não eram levados há muito tempo para dançar.!
- Com essas pontas, só podem ser tontas. - Troçavam as modernas!crocs.!
Na prateleira mais abaixo, sorriam as havaianas felizes e contentes:!
-!É verão e nós vamos à praia diariamente.!
Nisto ouve-se uma gargalhada vinda lá de fora do armário:!
- Ahahah! Não há nada como ser tão útil como nós. Somos usados pela Carlota todos os dias de manhã e à noite. - Rebolavam a rir os chinelos de quarto, deitando a palmilha de
fora.! E assim se instalava a confusão. Entre queixas, troças e amuos, Necas tinha sempre de pôr alguma ordem ali dentro:!
- Pouco barulho nesta casa! Calçado impaciente e descontente!
Não percebem que todos vocês têm utilidade para cada fim e para cada estação do ano. - Ralhava a sapateira, que continuava: !
- O pior é para as botinhas que ali estão caladinhas. Amanhã vão se embora desta casa. Vão servir outros pés e nós temos de nos despedir delas.!
Fez-se silêncio. As atrevidas!crocs!atreveram-se a perguntar às botinhas: "Então é o vosso último dia aqui, não é verdade? Já sabem para onde vão?!
Necas apressou-se a responder antes que as botinhas começassem a chorar:!
- Sim, já se sabe. Parece que vão calçar os pézinhos de Maria, uma menina um pouco mais nova de que a nossa!Carlota e que também vive na rua deste prédio.!
Finalmente as botinhas resolveram falar:!
- Não nos importamos nada com isso. Se pudermos agasalhar os pezinhos da Maria ficamos todas contentinhas.!
- Assim é que se fala.!O que importa é fazer alguém feliz. - Respondia Necas.!
No armário desta história não eram nada fáceis os dias da despedida, mas Necas esforçava-se a explicar que todo o calçado que era dado a outros meninos tinham muito utilidade, já que
continuavam a ser úteis e faziam outras crianças muito felizes.!
De repente, um barulho no quarto... As portas de Necas!abriram -se.
O calçado fez silêncio. Era a mãe de Carlota. Esta pegou nas botinhas da menina e meteu-as dentro de um saco.
E assim foram embora. Só tendo tempo para dizer umas palavras rápidas:!
- Adeus, adeus amigos! Até breve! Certamente que nos cruzaremos por aí, vocês nuns pés, nós noutros.!
- Adeus Botinhas! - Gritava todo o calçado em coro.!
No mesmo dia, a algazarra dentro do armário acabou num instante.!
As botinhas tinham-se ido embora para outros pés, para outra casa, para!perto de outros sapatinhos amiguinhos.!
Mas esta história não acaba aqui.!
Passado algum tempo chegou o inverno e as portas de Necas abriram-se para receber umas novas amiguinhas.!
- Somos as botinhas da Disney. Diziam as novas botas !
- Estávamos fechadas numa caixa de cartão escura há algum tempo e cansadas de não ser usadas. Hoje a Carlota tirou-nos de lá e já fomos passear.!
Necas e todos os outos sapatos deram as boas-vindas às novas amiguinhas, mas sem nunca esquecer as anteriores, até porque!estas botinhas traziam sempre notícias das que tinham sido dadas, bastava que as encontrassem no recreio da escola, nos pés de Maria, a!menina que era agora a sua nova dona.! tinha recebido de Carlota e que já nem queria calçar outra coisa.
Que sorte para essas sido dado era Necas, sobretudo quando eram boas novidades, ou
seja, que!tinham voltado a!ser úteis.

É que Necas nunca se esquecia que o que já não é usado!por uma menina, pode sempre
servir para outra, seja uns sapatos, uma boneca ou um livro.

É assim que se multiplicam sorrisos todos os dias.!

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